A Krzysztof Szczurek
No âmbito da Presidência Polaca do Conselho da União Europeia, decorre em Bruxelas uma exposição de pósteres de Dominika Czerniak‑Chojnacka.
A mostra deu‑me ensejo de conhecer o trabalho dessa ilustradora e de aprender um pouco a respeito da Escola Polaca do Cartaz, também conhecida por «Escola Polaca de Arte do Cartaz». A economia de formas, a ironia, a força falante e a conceção inovadora são caraterísticas comummente associadas às obras dos seus representantes.
Nomeio, entre as respetivas figuras de proa, Henryk Tomaszewski, Jan Lenica, Jan Młodożeniec e Roman Cieślewicz.
Nos anos cinquenta, sessenta e setenta do século passado, a Escola Polaca do Cartaz exerceu influência significativa na sociedade em que se inseria. O custo de fabrico de uma papeleta era baixo, esta servia para dar informação acerca de um filme ou de um evento, nomeadamente de ordem cultural.

Conquanto a feitura dos pósteres resultasse de encomendas vindas de organismos públicos, os artistas, sujeitos ao garrote dos censores, usavam‑nos para darem vazão à sua criatividade e para fugirem aos cânones do realismo socialista. De maneira subtil e inteligente, criticavam o regime que os oprimia: o projeto de ordem estética aliava a mensagem cultural, porventura anódina, ao propósito de índole política.
Nas minhas pesquisas, deparei com um afixo de Waldemar Świerzy — de 1974 e ideado para anunciar um espetáculo de uma companhia de circo soviética — que expressa o antedito jeito de produzir arte. Nele se vê um grande urso, de pé e vestido com traje de cerimónia, que segura uma bicicleta, muito pequena face ao corpanzil do mamífero. O animal, amiúde usado para evocar a URSS, evoca o Estado poderoso e omnipresente. Mas a verdade é que, ao pé do velocípede, o urso taludo tem um ar enfatuado, porventura ridículo, e arremeda um novo‑rico.[1]

Os organizadores da suprarreferida exposição quiseram prestar tributo à arte do póster na Polónia e decidiram apresentar ao público um conjunto de obras de uma autora contemporânea, Dominika Czerniak‑Chojnacka, ilustradora, cartazista e professora que nasceu em 1990, em Słupca, e que se formou em belas-artes na universidade de Poznan a elas dedicada.
Na empresa artística, Dominika Czerniak‑Chojnacka é provocadora e, aqui ou ali, percuciente. Denota sentido de humor, usa cores apelativas, são diversas as suas fontes de inspiração (realidades e coloridos locais, arte popular polaca…). Evidencia uma ligeireza e uma jovialidade que, naturalmente, faltavam em tempos idos. Parece que se diverte enquanto trabalha e que, por vezes, a sua mão segue trilho livre e improvisa caminho.

Cingindo‑me àquilo que vi, destaco: pela linha minimalista, o cartel que evoca o centésimo aniversário das relações diplomáticas entre o Japão e a Polónia; pela nota de sensualidade, Vistula on my mind — as pontes sobre o rio Vístula semelham as peças de um biquíni; pelos motivos da composição, o anúncio relativo a uma festa paroquial abrilhantada pela presença de um grupo de músicos.


[1] Cf. WILLIAMS, Harriet, The Polish School of Posters – A Remarkable Period in Graphic Design History, texto publicado em 27 de Agosto de 2023 no sítio da International Vintage Poster Dealers Association (IVPDA): https://www.ivpda.com/content/1502/The-Polish-School-of-Posters—A-Remarkable-Period-in-Graphic-Design-History [consultado na internet em 22.2.2025].